Explicação n.º 6: "dar o peido mestre"



Pois é, meus caros, hoje mais uma curiosa história me volta a unir a vós, aposto que, ávidos da minha leitura. A expressão que vos trago hoje é "dar o peido mestre".
Encontramo-nos em pleno reinado de D. Fernando. D. Fernando, um rei apaixonado, é prometido a D. Leonor de Castela, mas o rei queria mais, nunca se sentira atraído pelo nariz considerado "estranho" da nobre espanhola. Assim, num acto de loucura próprio de uma grande paixão,  antes que o seu casamento pudesse ser concretizado, o rei confessa todo o seu ardente amor por  D. Leonor Teles de Menezes, mulher de um dos seus cortesãos. Após a rápida anulação do primeiro casamento de D. Leonor, D. Fernando casa com ela, secretamente, a 15 de Maio de 1372 no Mosteiro de Leça do Balio.
Nos primeiros tempos, tudo corria bem, e a vida sexual do nosso rei era comentada além fronteiras, no entanto com o passar dos anos durante as breves aparições públicas do casal, era notório que enquanto o sorriso do rei ia diminuindo, o da rainha ia crescendo de orelha a orelha. O rei começou a ficar sisudo e diz-se que de forma a aliviar as suas necessidades mais primárias  não mais prescinde da presença de um dos seus lacaios, de nome David, jovem de apelido desconhecido. 
Após a morte de D. Fernando, a sua viúva D. Leonor Teles de Menezes, que perante as vontades de rei socorria-se sempre de uma nobre dor de cabeça, aproveitou a morte do marido para tornar pública a sua ligação amorosa com um nobre galego João Andeiro.
Portugal, num impasse perante a iminente perda de independência (visto, a única filha de D. Fernando, D. Beatriz ter-se casado pouco antes da puberdade com  João I da Castela), vê a 6 de Dezembro de 1383 Mestre de Avis, numa atitude que muitos julgavam populista pois era um dos pretendentes ao trono, a assassinar o Conde Andeiro. Contudo, esta atitude estava longe de ser populista, era sim passional. O Mestre de Avis atribuiu as culpas da perda de virgindade anal do seu "amigo" David, ao caso mantido pela rainha com o Conde. E assim, a 6 de Dezembro de 1383, D. João, ainda Mestre, já com a espada próxima do corpo do Conde, indaga-o: Vós tendes um último desejo? e o Conde, antes de ver a espada a esventrar-lhe o coração, quiçá de forma irónica responde-lhe, já num português eloquente: "Dar um peido, Mestre!".
Vem então daí a associação desta expressão à morte.

De nada.

4 comentários:

  1. agora ja sei porque, ao estudar historia no secundario me cheirava a merda

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  2. Olá! Sou brasileiro. Quando uma amiga minha, também brasileira, chegou a me falar sobre o significado dessa expressão em Portugal, confesso que não levei a sério. Ela então me disse que procurasse saber por mim mesmo. Confesso que imaginar alguém usando essa expressão num velório, ou para dar a notícia do falecimento de outro alguém, ainda me parece engraçado

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  3. É curioso que todos os significados que tenho lido de "dar o peido mestre" são simplesmente "morrer", quando alguém está a morrer... Mas na minha zona usava-se (e usa-se) com muitos outros significados, ainda que sempre com significado de fim... Por exemplo, se começamos a ver que um electrodoméstico está a falhar muito, que já só arrancar à pencada, também dizemos que está a dar o peido mestre... Se uma empresa fechou, abriu falência também dizemos que deu o peido mestre... Se um casal se separa também é comum ouvir "Afinal, o casamento já deu o peido mestre..." Não usamos só para morrer...

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