Explicação n.º 9: É de se lhe tirar o chapéu

Escrevo hoje sobre esta expressão visto uma admiradora minha utilizá-la amiúde, a meu ver, de forma aleatória sem saber claramente quando empregá-la.
A história que vos conto tem no seu centro o senhor Robert-Houdin, ou melhor dizendo, Monsieur Robert-Houdin. No inicio do século XVIII nascia em França o menino Jean Eugène, nos genes tinha a profissão de relojoeiro como destino. Mas quis este pregar-lhe uma partida e num dia em que ia comprar mais livros sobre relógios, quando chega a casa depara-se com o seu (feliz) engano. O livro que tinha comprado era, pois então, um livro de magia.
Jean Eugène Robert-Houdin poderia ter dado até um relojoeiro dedicado, mas naquele momento nascia ali aquele que viria a tornar-se no pai do ilusionismo moderno.
Mantendo a sua profissão de relojoeiro, Robert-Houdin foi aprofundando os seus conhecimentos na arte do ilusionismo e com a ajuda do seu primo afastado Pierre Eugène (o apelido não me recordo) lá foi fazendo espectáculos para os seus familiares e mais tarde já para os seus vizinhos.
Todavia, Houdin dispensaria o seu primo... Por razões ainda hoje desconhecidas.
Perante o incentivo dos seus, e já depois deste triste episódio que acabaria com uma amizade de berço entre primos, Houdin ganha alento e vai para a metrópole parisiense, onde acaba por comprar um teatro.
Num dos primeiros espectáculos com o público já em autêntico gáudio perante tanta "magia", quem é visto na plateia? Pois é, meus caros amigos, o Pierre. O Pierre que sabendo todos os truques, levanta-se impulsionado pelo desejo de vingança que lhe corroía e apontando para o seu primo diz: ESTE HOMEM É DE SE LHE TIRAR O CHAPÉU! O público empolgado com todo o espectáculo  ao ouvir estas palavras não pensa duas vezes... levanta-se e tira o chapéu, não percebendo que os truques que todos viam tinham sido denunciados e na realidade o coelho não brotava do polegar de Houdin, vinha sim da sua cartola.
Nascia assim o mito nesta Paris do séc. XVIII que "é de se lhe tirar o chapéu" era uma expressão usada perante algum feito notável de alguém. O mito dura até hoje.

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